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Dicionário de tradutores literários no Brasil


Adriano Scandolara

Perfil | Excertos de traduções | Bibliografia

Adriano Scandolara nasceu em Curitiba em 1988. Possui bacharelado em Português e Inglês, com ênfase em Estudos da Tradução (2006-2010), mestrado em Letras, com área de concentração em Estudos Literários (2011-2013), e doutorado em Letras pela UFPR (2015-2019).

Começou a traduzir durante a graduação, apenas para praticar (Shelley foi o seu tema na monografia, pois era pouco traduzido na época). Sua primeira tradução publicada foi o conto “That Evening Sun”, de Faulkner, para a revista Arte & Letra (edição F, 2009), para a qual continuaria traduzindo autores diversos até suas últimas edições. Realizou alguns trabalhos para a editora Nossa Cultura, de Curitiba, e para a editora da UFMG. Nesse meio tempo, concluiu o mestrado – “Shelley e a Renovação da Linguagem Morta” (2013), que contava com uma tradução completa e inédita do poema “Prometheus Unbound”, de Shelley, e que culminou no livro Prometeu Desacorrentado e outros poemas, publicado pela editora Autêntica em 2015, e publicou (2013) seu primeiro livro de poemas, Lira de Lixo, pela Patuá. Tornou-se um dos membros fundadores do coletivo escamandro, sendo membro do corpo editorial da revista (que já teve 2 edições publicadas) e do blog (escamandro.wordpress.com). O segundo livro de poemas, Parsona, veio em 2017, pela Kotter Editorial. Segundo Scandolara, os trabalhos como tradutor, acadêmico, poeta e editor de poesia se complementam.

Profissionalmente traduz só do inglês, mas já se arriscou, como hobby, com poemas de algumas línguas mais exóticas (com auxílio do inglês, mas sem ser tradução indireta), como o sumério (3 poemas publicados no blog do escamandro) e o hebraico (poemas da poetisa israelense Dahlia Ravikovitch, publicados na primeira edição da revista escamandro).

Enquanto cursava o mestrado, foi revisor dos 4 volumes da Anatomia da Melancolia, de Robert Burton, traduzido por Guilherme Gontijo Flores, tradutor, poeta e professor da UFPR. Porém, esse não foi um trabalho só de revisão, mas de cotejo, acompanhando o texto no inglês original do século XVII. Em suas palavras: “Ter tido esse contato com um trabalho ambicioso de um tradutor mais experiente (que mais tarde foi premiado, inclusive) foi crucial para me desenvolver como tradutor literário. A esta, somo também a experiência de orientação, tanto na graduação como na pós-graduação, com outros professores e tradutores da UFPR, como Rodrigo Tadeu Gonçalves e Caetano Galindo.”

Scandolara, além de traduzir para editoras, entre 2012 e 2017, também traduziu para o jornal Gazeta do Povo. E, entre 2015 e 2017, ministrou semestralmente um módulo sobre tradução jornalística e literária no curso de formação de tradutores e intérpretes da Escola de Profissões Choice, em Curitiba. Em 2012 ganhou uma menção honrosa no Prêmio Off-flip. 

Verbete publicado em 29 de September de 2019 por:
Tiago Marques Luiz
Andréa Cesco

Excertos de traduções

Excerto de A máquina do tempo, de Herbert George Wells. Tradução de Adriano Scandolara.

The Time Traveller (for so it will be convenient to speak of him) was expounding a recondite matter to us. His grey eyes shone and twinkled, and his usually pale face was flushed and animated. The fire burned brightly, and the soft radiance of the incandescent lights in the lilies of silver caught the bubbles that flashed and passed in our glasses. Our chairs, being his patents, embraced and caressed us rather than submitted to be sat upon, and there was that luxurious after-dinner atmosphere when thought roams gracefully free of the trammels of precision. And he put it to us in this way—marking the points with a lean forefinger—as we sat and lazily admired his earnestness over this new paradox (as we thought it:) and his fecundity.

O Viajante do Tempo (pois assim convirá chamá-lo) nos explicava um assunto difícil. Seus olhos acinzentados reluziam e brilhavam, e seu rosto, geralmente pálido, se via corado e cheio de vida. O fogo na lareira ardia forte e o esplendor suave das lâmpadas incandescentes no lustre de prata refletia-se nas bolhas que luziam e dançavam em nossas taças. Nossas poltronas, sendo patentes dele próprio, mais nos recebiam como num abraço carinhoso do que se submetiam a serem sentadas, e havia aquela atmosfera agradável de uma conversa de depois do jantar quando o pensamento vaga graciosamente livre dos fardos da precisão. Foi assim que ele fez suas colocações – enfatizando os argumentos com o indicador magro em riste – enquanto o acompanhávamos sentados, com certa lassidão, admirando sua fecundidade e franqueza no tocante a esse novo paradoxo (como nos parecia).

 

 

WELLS, Herbert George. The Time Machine. Oxford World's Classics. Londres: Oxford University Press, 2017. p. 7.

WELLS, Herbert George. A máquina do tempo. Edição comentada. [Por Adriano Scandolara]. Rio de Janeiro: Zahar, 2019, p. 41

Excerto de Prometeu desacorrentado, de Percy Bysshe Shelley. Tradução de Adriano Scandolara.

Prometheus
Monarch of Gods and Dæmons, and all Spirits
But One, who throng those bright and rolling worlds
Which Thou and I alone of living things
Behold with sleepless eyes! regard this Earth
Made multitudinous with thy slaves, whom thou
Requitest for knee-worship, prayer, and praise,
And toil, and hecatombs of broken hearts,
With fear and self-contempt and barren hope.
Whilst me, who am thy foe, eyeless in hate,
Hast thou made reign and triumph, to thy scorn,
O’er mine own misery and thy vain revenge.
Three thousand years of sleep-unsheltered hours,
And moments aye divided by keen pangs
Till they seemed years, torture and solitude,
Scorn and despair, — these are mine empire: —
More glorious far than that which thou surveyest
From thine unenvied throne, O Mighty God!
Almighty, had I deigned to share the shame
Of thine ill tyranny, and hung not here
Nailed to this wall of eagle-baffling mountain,
Black, wintry, dead, unmeasured; without herb,
Insect, or beast, or shape or sound of life.
Ah me! alas, pain, pain ever, for ever!
Have its deaf waves not heard my agony?
Ah me! alas, pain, pain ever, for ever!

Prometeu
Senhor dos Deuses, Dáimones e Espíritos,
menos Um, congregantes nestes mundos
de luz e voltas, que eu e Tu somente
insones contemplamos! Mira a Terra
de servos multitudinária, a quem
punes por loas, preces genuflexas,
labor, peitos sangrando em hecatombes,
desamor próprio, medo e fé infértil.
Enquanto a mim, teu imigo, cego em ódio,
deste-me triunfo e reino em teu escárnio
sobre meu mal e tua vã vingança.
Três mil anos de insone desabrigo,
momentos, sempre por ferrões divisos,
iguais a anos, tortura e solitude,
desdém e desespero — eis meu reino —
mais glorioso que aquele que em teu trono
despiciendo prospectas, Grande Deus!
Ah, onipotente, se eu me rebaixasse
à tua vergonhosa tirania
e não pendesse fixo a este gélido
morro confunde-águias, negro e morto;
sem fim, sem mato, inseto, besta ou vida.
Ai de mim! Dor, dor, sempre, sempiterna!
Sem mudar, sem cessar, sem crer! Resisto.
À Terra indago, os montes não sentiram?
indago o Céu longínquo, o onividente
Sol não a viu? o Mar calmo ou revolto,
sombra do Céu, mutável, derramada,
não me ouve a surda vaga, em agonia?
ai de mim! Dor, dor, sempre, sempiterna!

 

 

REIMAN, Donald H. & FRAISTAT, Neil (org.). Shelley's Poetry and Prose: A Norton Critical Edition. Nova York: Norton Press & Co, 2007.

SHELLEY, Percy Bysshe. Prometeu Desacorrentado e outros poemas. Belo Horizonte: Autêntica, 2015. (p. 65)

Bibliografia

Traduções Publicadas

HUNTER, R. L. A Comédia Nova da Grécia e de Roma. [Por: Adriano Scandolara e outros]. Tradução organizada por Rodrigo Tadeu Gonçalves. Curitiba: Editora da UFPR, 2011 (The New Comedy of Greece and Rome). Crítica/teoria literária.

CALCINES, Eduardo F. O Adeus a Glorytown. [Por: Adriano Scandolara]. Curitiba: Nossa Cultura, 2011 (Leaving Glorytown). Livro de memórias.

KUNZRU, Hari. Deuses sem Homens. [Por: Adriano Scandolara]. Curitiba: Nossa Cultura, 2013 (Gods without men). Ficção: romance.

PERLOFF, Marjorie. O Gênio não Original: poesia por outros meios no novo século. [Por: Adriano Scandolara]. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2013 (Unoriginal Genius: poetry through other means in the new century). Crítica/teoria literária.

MILTON, John. Paraíso Reconquistado. [Por: Adriano Scandolara, Guilherme Gontijo Flores, Bianca Davanzo, Vinícius Ferreira Barth e Rodrigo Tadeu Gonçalves]. São Paulo: Editora de Cultura, 2014 (Paradise Regained). Poesia.

SHELLEY, Percy Bysshe. Prometeu Desacorrentado e outros poemas. [Por: Adriano Scandolara]. Belo Horizonte: Autêntica, 2015. (Prometheus Unbound). Poesia.

HECHT, Yaacov. Educação democrática: O começo de uma história. [Por: Adriano Scandolara]. Belo Horizonte: Autêntica, 2016. (החינוך הדמוקרטי-סיפור עם התחלה). Educação.

PARR, Ben. O poder da atenção. [Por Adriano Scandolara e Irinêo Baptista Netto]. São Paulo: Benvirá, 2016. (Captivology: The Science of Capturing People's Attention). Administração.

STUENKEL, Oliver. Brics e o futuro da ordem global. [Por: Adriano Scandolara]. São Paulo: Paz e Terra, 2017. (The BRICS and the Future of R2P: Was Syria or Libya the Exception? (Global R2P)). Economia/globalização.

WELLS, Herbert George. A máquina do tempo. Edição comentada. [Por Adriano Scandolara]. Rio de Janeiro: Zahar, 2019. (The Time Machine). Ficção científica.

PERLOFF, Marjorie. O Paradoxo de Viena: Memórias [Por: Adriano Scandolara]. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2019. (The Vienna Paradox: Memoirs). Biografia/crítica literária.

BARING, Edward. O Jovem Derrida e a Filosofia Francesa, de 1945 a 1968. [Por: Adriano Scandolara]. Horizonte: Editora da UFMG, 2019. (The Young Derrida and French Philosophy: 1945-1968). Biografia/filosofia.

Outras traduções (revistas)

FAULKNER, William. Cai o sol da tarde. [Por: Adriano Scandolara]. In: Revista Arte & Letra. Curitiba: Arte & Letra, edição F, 2009 (That evening sun). Ficção: conto.

PROFESSOR HOFFMAN (Angelo Lewis). A bolsa preta errada. [Por: Adriano Scandolara]. In: Revista Arte & Letra. Curitiba: Arte & Letra, edição H, 2009 (The wrong black bag).

HOWARD, Robert E. As colinas dos mortos. [Por: Adriano Scandolara]. In: Revista Arte & Letra. Curitiba: Arte & Letra, edição J, 2010 (The hills of the dead). Ficção: conto.

HORNUNG, E. W. Idos de março. [Por: Adriano Scandolara]. In: Revista Arte & Letra. Curitiba: Arte & Letra, edição M, 2011 (The ides of March). Ficção: conto.

HAGGARD, Henry Rider. Chances minguadas. [Por: Adriano Scandolara]. In: Revista Arte & Letra. Curitiba: Arte & Letra, edição N, 2011 (Long odds). Ficção: conto.

STEVENSON, Robert Louis. O ladrão de corpos. [Por: Adriano Scandolara]. In: Revista Arte & Letra. Curitiba: Arte & Letra, edição O, 2011 (The body snatcher). Ficção: conto.

JOYCE, James. Uma pequena nuvem. [Por: Adriano Scandolara]. In: Revista Arte & Letra. Curitiba: Arte & Letra, edição P, 2012 (A little cloud). Ficção: conto.

WOLFE, Thomas. Um anjo na varanda. [Por: Adriano Scandolara]. In: Revista Arte & Letra. Curitiba: Arte & Letra, edição T, 2013 (An angel on the porch). Ficção: conto.

COLERIDGE, Samuel Taylor. Biographia literaria: capítulo XIV. [Por: Adriano Scandolara]. In: Revista Arte & Letra. Curitiba: Arte & Letra, edição W, 2013 (Biographia literaria: capítulo XIV). Autobiografia/ensaio (excerto).

JOYCE, James. Finnegans Wake (excerto). [Por: Adriano Scandolara]. In: Circuladô. São Paulo: Casa das Rosas, dez./2014. (Finnegans Wake) Ficção: prosa/poesia. Disponível em: http://issuu.com/casadasrosas/docs/circulado_2_revisaototal__1_/1?e=0%2F11517423.

PEACOCK, Thomas. As quatro idades da poesia. [Por: Adriano Scandolara]. In: Revista Rónai. Juiz de Fora: UFJF, v. 2 n. 2, 2014. (The four ages of poetry). Ensaio. Disponível em: http://www.ufjf.br/revistaronai/edicao-atual-v-2-n-2-2014/iii-traducoes/as-quatro-idades-da-poesia-adriano-scandolara/

Obra própria

SCANDOLARA, Adriano. Lira de Lixo. São Paulo: Patuá, 2013. Poesia.

SCANDOLARA, Adriano. Parsona. Curitiba: Kotter, 2015. Poesia.

BRANDÃO, Bernardo, FLORES, Guilherme Gontijo & SCANDOLARA, Adriano (org.). escamandro #1. São Paulo: Patuá, 2014. Revista de poesia.

BRANDÃO, Bernardo, FLORES, Guilherme Gontijo & SCANDOLARA, Adriano (org.). escamandro #2. São Paulo: Patuá, 2016. Revista de poesia.

SCANDOLARA, Adriano. Banalidade, ironia e o Schlemiel: o jocossério como modo poético. In: ALVES, Ida & PEDROSA, Celia (org.). Sobre poesia: outras vozes. Rio de Janeiro: 7Letras, 2016. Ensaio.

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