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Dicionário de tradutores literários no Brasil


Tomasz Barciński

Perfil | Excertos de traduções | Bibliografia

Tomasz Barciński nasceu em Varsóvia (Polônia) no dia 27 de agosto de 1936. Ali passou a maior parte de sua infância, tendo vivenciado a Segunda Guerra Mundial. Chegou ao Brasil em 1947 com seus pais, que haviam sido integrantes da resistência polonesa aos nazistas durante o conflito e sofrido perseguição do governo polonês.

Estabelecido no Rio de Janeiro, estudou na Escola Nacional de Engenharia, onde se especializou em engenharia econômica. Trabalhou por cerca de 35 anos nas indústrias de tabaco e cerveja. Apenas em 1999, após se aposentar, iniciou sua carreira como tradutor.

Tomasz preocupou-se em traduzir exclusivamente obras da literatura polonesa para o português. Encontrou-se com diversas editoras brasileiras oferecendo suas traduções e foi ouvido primeiramente pela editora Record, que lançou sua primeira tradução: Querido Franz, de Anna Bolecka.

Apaixonado pelo Brasil, Tomasz considerava-se muito mais brasileiro do que polonês. Em entrevista, revelou que suas maiores dificuldades não foram quanto à tradução em si, mas em convencer editoras a interessar-se em traduções de livros poloneses, de tão pouca procura no país. O ato de traduzir era algo que lhe proporcionava muita satisfação, mesmo que recebesse pouco pelo ofício.

Ao longo de sua carreira traduziu mais de 20 obras, das quais destacamos O Pianista, de Władysław Szpilman, lançado em 2003 em conjunto com o filme de mesmo nome do diretor franco-polonês Roman Polanski, e as quatro primeiras obras da coleção A Saga do Bruxo Geralt de Rívia, de Andrzej Sapkowski, que serviu de inspiração para o desenvolvimento da premiada série de jogos The Witcher.

Sua maior contribuição foi como tradutor, mas além desta ocupação também escreveu um capítulo do livro Viagens com Ryszard Kapuściński – parte 2, uma coletânea de 14 contos escritos por tradutores, e participou da revisão técnica de Uma ponte para Terebin, da brasileira Letícia Wierzchowski e de O levante de 44 – A batalha por Varsóvia, de Norman Davies.

Pela sua contribuição na divulgação da cultura e literatura polonesas no Brasil, Tomasz foi homenageado em três ocasiões: em 2005 pelo presidente da Polônia com a “Cruz da Ordem de Mérito da Polônia”; em 2009 pelo Ministro da Cultura com a distinção honorária “Digno de Mérito da Cultura Polonesa”; e em 22 de março de 2014 pelo Ministro da Cultura e Patrimônio Nacional da República da Polônia com a “Medalha Ouro de Mérito Cultural Gloria Artis”, entregue a ele cerca de um mês antes de seu falecimento, o que ocorreu no dia 26 de abril de 2014.

Verbete publicado em 28 de July de 2016 por:
Aí­da Carla Rangel de Sousa
Elisa Silva Ramos
Marie-Hélène Catherine Torres

Excertos de traduções

Fragmento de O pianista, de Władysław Szpilman. Tradução de Tomasz Barciński

Wojna!

Guerra!

31 sierpnia 1939 roku nie było w Warszawie już prawie nikogo, kto byłby zdania, że wojny z Niemcami można jeszcze uniknąć, i tylko niepoprawni optymiści byli przekonani, że Hitler przestraszy się nieprzejednanej postawy Polski. Ich optymizm był przejawem oportunizmu, wiary pozbawionej wszelkiej logiki, że do wybuchu wojny nie dojdzie i że będzie można nadal żyć w spokoju; życie było przecież takie piękne.

No dia 31 de agosto de 1939 ninguém mais acreditava que a guerra com os alemães pudesse ser evitada, e somente os otimistas incorrigíveis estavam convictos de que Hitler se assustaria com a postura intransigente da Polônia. E seu otimismo era um sintoma de oportunismo, de uma fé desprovida de qualquer lógica, que os fazia acreditar de que não haveria guerra e que podíamos continuar a viver em paz; afinal, a vida era tão bela.

Wieczorem miasto starannie zaciemniano. W domach uszczelniano pokoje wybrane na schrony przeciwgazowe. Gazów obawiano się najbardziej.

Ao anoitecer a cidade ficava no escuro. Nas casas vedavam-se os quartos destinados a servirem de abrigos contra o gás. Temiam-se os gases acima de tudo.

Jednocześnie za zasłoniętymi oknami kawiarń i barów grały orkiestry, goście tańczyli, popijali alkohole i nastrajali się patriotycznie śpiewaniem pieśni bojowych.

Konieczność zaciemnienia okien, noszenia masek gazowych na ramieniu oraz nocne powroty taksówką odmienionymi teraz ulicami dodawały życiu szczególnego uroku, tym bardziej że nie odczuwało się jeszcze żadnego zagrożenia.

A necessidade de cobrir as janelas, de carregar nos ombros máscaras contra gases, bem como os retornos noturnos de táxi por ruas cada vez mais estranhas, davam à vida um encanto especial, principalmente por não existir ainda no ar qualquer sentimento de perigo.

W tym czasie mieszkałem wraz z rodzicami i rodzeństwem przy ulicy Śliskiej I pracowałem jako pianist w Polskim Radio. Tego sierpniowego dnia wróciłem do domu późno i zmęczony położyłem się od razu spać.

Nasze mieszkanie znajdowało się na trzecim piętrze, co miało swoje zalety: kurz oraz uliczne zapachy opadały na dół, podczas gdy z góry, z nieba, wdzierały się od strony Wisły przez otwarte okna podmuchy orzeźwiającego powietrza.

Naquela época, eu morava com os meus pais e meus irmãos na rua Śliska e trabalhava na Polskie Radio. Naquele dia de agosto voltei para casa bem tarde e, cansado, fui dormir imediatamente. O nosso apartamento ficava no terceiro andar, o que tinha duas vantagens: a poeira e os cheiros da rua ficava retido embaixo, enquanto por cima, do céu, chegavam a nós pelas janelas abertas lufadas do vento refrescante do rio Vístula.

Ze snu wyrwały mnie odgłosy detonacji. Świtało. Spojrzałem na zegarek: koło szóstej. Wybuchy nie były zbyt silne i wydawały się dochodzić z daleka, w każdym razie spoza granic miasta. Były to zapewne ćwiczenia wojskowe, do których zdążyliśmy się już od paru dni przyzwyczaić. Po kilku minutach nastała cisza. Zastanawiałem się, czy nie powinienem spać dalej, ale było już zbyt jasno.

Postanowiłem więc, że będę czytał aż do śniadania.

Acordei com o barulho de explosões. Amanhecia. Olhei o relógio: seis horas. As explosões não eram muito fortes e pareciam vir de longe, fora do perímetro da cidade. Certamente eram exercícios militares aos quais já estávamos acostumados. Após alguns momentos, voltou a reinar o silêncio. Pensei em voltar a dormir, mas o dia já estava raiando. Decidi, portanto, ficar lendo na cama até a hora do café.

Musiała być już chyba godzina ósma, gdy nagle otworzyły się drzwi do mojego pokoju. W progu stanęła matka, ubrana jakby miała za chwile, iść do miasta. Była bardziej blada niż zwykle i nie skrywała oburzenia, że leżą jeszcze w łóżku. Otworzyła usta, jakby chciała coś powiedzieć, lecz głos utkwił jej w gardle I musiała głęboko zaczerpnąć powietrza. W końcu powiedziała pośpiesznie I nerwowo:

Devia ser por volta das oito quando repentinamente a porta do meu quarto foi aberta pela minha mãe, vestida como se pretendesse ir para o centro da cidade. Estava mais pálida do que de costume e não escondia a sua indignação pelo fato de eu ainda estar na cama. Abriu a boca como se fosse dizer algo, mas a voz lhe ficou presa na garganta e precisou respirar profundamente. Falou, rápido e de uma forma nervosa:

– Wstawaj, wybuchła wojna!

– Levante-se, começou a guerra!

 

 

Szpilman, Władysław. Pianista: Warszawskie wspomnienia 1939-1945. Cracóvia: Znak, 2002. p. 5-6.

Szpilman, Władysław. O Pianista. Rio de Janeiro: Record, 2003. p. 15-16.

Fragmento de A Espada do Destino, de Andrzej Sapkowski. Tradução de Tomasz Barciński

GRANICA MOŻLIWOŚCI

O LIMITE DO POSSÍVEL

I

I

— Nie wyjdzie stamtąd, mówię wam — powiedział pryszczaty, z przekonaniem kiwającgłową. — Już godzina i ćwierć, jak tam wlazł. Już po nim.

— Ele não sairá mais dali — disse o pustulento, meneando a cabeça com convicção. — Faz mais de uma hora e quinze minutos que ele entrou. Já era.

Mieszczanie, stłoczeni wród ruin, milczeli wpatrzeni w ziejący w rumowisku czarny otwór, w zagruzowane wejcie do podziemi. Grubas w żółtym kubraku przestąpił z nogi na nogę, chrząknął, zdjął z głowy wymięty biret.

O pessoal do lugar permanecia calado no meio das ruínas, com os olhos fixos na negra abertura entre os escombros, uma entrada semioculta para o subsolo. Um homem corpulento trajando um gibão amarelo deu alguns passos, pigarreou e tirou da cabeça uma boina amassada.

— Poczekajmy jeszcze — powiedział, ocierając pot z rzadkich brwi.

— Vamos esperar mais um pouco — afirmou, enxugando o suor das ralas sobrancelhas.

— Na co? — prychnął pryszczaty. — Tam, w lochach, siedzi bazyliszek, zapomnielicie, wójcie? Kto tam wchodzi, ten już przepadł. Mało to ludzi tam poginęło? Na co tedy czekać?

— Para quê? — rosnou o pustulento. — O senhor prefeito se esqueceu de que lá, nas masmorras, vive um basilisco? Todo aquele que entrar ali pode ser dado por morto. Por acaso foram poucos os que sumiram para sempre naquele buraco? Portanto, esperar por quê?

— Umawialimy się przecie — mruknął niepewnie grubas. — Jakże tak?

— Mas foi o que combinamos — respondeu o gordão, hesitante.

— Z żywym się umawialicie, wójcie — rzekł towarzysz pryszczatego, olbrzym w skórzanym, rzeźnickim fartuchu. — A nynie on martwy, pewne to jak słońce na niebie. Z góry było wiadomo, żena zgubę idzie, jak i inni. Przecie on nawet bez zwierciadła polazł, z mieczem tylko. A bezzwierciadła bazyliszka nie zabić, każdy to wie.

— O senhor combinou com um homem vivo, senhor prefeito — falou um gigante metido num avental de açougueiro. — E aquele lá está morto mesmo, sem sombra de dúvida. Já era sabido de antemão que ele estava indo para a morte certa, assim como aqueles que o precederam. Além do mais, ele nem chegou a levar um espelho, apenas sua espada. E todos sabem que sem um espelho não é possível matar um basilisco.

— Zaoszczędzilicie grosza, wójcie — dodał pryszczaty. — Bo i płacić za bazyliszka nie makomu. Idźcie tedy spokojnie do dom. A konia i dobytek czarownika my weźmiemy, żal dać przepadać dobru.

— O senhor acabou economizando uns trocados, prefeito — acrescentou o pustulento —, já que não terá a quem pagar pelo basilisco. Portanto, volte tranquilamente para casa. Quanto ao cavalo e aos pertences do feiticeiro, nós cuidaremos deles; seria uma pena deixá—los jogados por aí.

— Ano — powiedział rzeźnik. — Sielna klacz, a i juki nieźle wypchane. Zajrzyjmy, co wrodku.

— É isso mesmo — concordou o açougueiro. — Uma bela égua e alforjes cheios. Vamos dar uma espiada dentro deles.

— Jakże tak? Cocie?

— Esperem aí! O que vocês pretendem?

— Milczcie, wójcie, i nie mieszajcie się, bo guza złapiecie — ostrzegł pryszczaty.

— Fique caladinho, senhor prefeito, e não se meta onde não foi chamado se não quiser acabar com um galo na cabeça — advertiu o pustulento.

— Sielna klacz — powtórzył rzeźnik.

— Bela égua — repetiu o açougueiro.

— Zostaw tego konia w spokoju, kochasiu. Rzeźnik odwrócił się wolno w stronę obcego przybysza, który wyszedł zza załomu muru, zza pleców ludzi, zgromadzonych dookoła wejcia dolochu.

— Deixe esse cavalo em paz, meu querido.

O açougueiro virou—se lentamente na direção de um desconhecido que saíra de uma brecha no muro às costas da multidão que se aglomerara em torno da entrada ao calabouço.

Obcy miał kędzierzawe, gęste, kasztanowate włosy, brunatną tunikę na watowanymkaftanie, wysokie, jeździeckie buty. I żadnej broni.

O desconhecido, de cabeleira castanha encaracolada, vestia uma túnica acolchoada marrom, calçava botas de montaria de cano alto e não portava arma.

— Odejdź od konia — powtórzył, umiechając się zjadliwie. — Jakże to? Cudzy koń, cudze juki, cudza własnoć, a ty podnosisz na nie swoje kaprawe oczka, wyciągasz ku nim parszywą łapę? Godzi się tak?

— Afaste—se do cavalo — insistiu, sorrindo de modo mordaz. — O que significa isso? O cavalo não é seu, tampouco os alforjes, e, assim mesmo, você lança sobre eles seu olhar ávido e estende seus braços infames em sua direção? Isso é coisa que se faça?

 

 

Sapkowski, Andrzej. Miecz Przeznaczenia. Varsóvia: superNOWA, 1992. p. 3.

Sapkowski, Andrzej. A Espada do Destino. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2012. p. 5—6.

Bibliografia

Traduções Publicadas

Bolecka, Anna. Querido Franz. [Por: Tomasz Barciński]. Rio de Janeiro: Record, 2002. (Kochany Franz). Romance.

Kapuściński, Ryszard. Ébano. [Por: Tomasz Barciński]. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 2002. (Heban). Romance.

Szpilman, Władysław. O pianista. [Por: Tomasz Barciński]. Rio de Janeiro: Record, 2003. (Pianista). Romance.

Sienkiewicz, Henryk. A ferro e fogo. [Por: Tomasz Barciński]. Rio de Janeiro: Record, 2004. (Ogniem i Mieczem). Romance.

Sienkiewicz, Henryk. O dilúvio. [Por: Tomasz Barciński]. Rio de Janeiro: Record, 2005. (Potop). Romance.

Kapuściński, Ryszard. O imperador. [Por: Tomasz Barciński]. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 2005. (Cesarz). Romance.

Gombrowicz, Witold. Ferdydurke. [Por: Tomasz Barciński]. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 2006. (Ferdydurke). Romance.

Sienkiewicz, Henryk. O pequeno cavaleiro. [Por: Tomasz Barciński]. Rio de Janeiro: Record, 2006. (Pan Wołodyjowski). Romance.

Kapuściński, Ryszard.  Minhas viagens com Heródoto. [Por: Tomasz Barciński]. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 2006. (Podróże z Herodotem). Romance.

Bujko, Mirosław. O trem de ouro. [Por: Tomasz Barciński]. Rio de Janeiro: Record, 2007. (Złoty Pociąg). Romance.

Gombrowicz, Witold. Cosmos. [Por: Tomasz Barciński]. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 2007. (Kosmos). Romance.

Kapuściński, Ryszard. A guerra do futebol. [Por: Tomasz Barciński]. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 2008. (Wojna Futbolowa). Romance.

Laskier, Rutka. O diário de Rutka. [Por: Tomasz Barciński]. Rio de Janeiro: Rocco, 2008. (Pamiętnik Rutki). Romance.

Gombrowicz, Witold. Pornografia. [Por: Tomasz Barciński]. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 2009. (Pornografia). Romance.

Bujko, Mirosław. O touro vermelho. [Por: Tomasz Barciński]. Rio de Janeiro: Record, 2010. (Czerwony Byk). Romance.

Sapkowski, Andrzej. O último desejo. [Por: Tomasz Barciński]. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2011. (Ostatnie Życzenie). Romance.

Kapuściński, Ryszard. O xá dos xás. [Por: Tomasz Barciński]. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 2012. (Szachinszach). Romance.

Prus, Bolesław. O faraó. [Por: Tomasz Barciński]. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012. (Faraon). Romance.

Sapkowski, Andrzej. A espada do destino. [Por: Tomasz Barciński]. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2012. (Miecz Przeznaczenia). Romance.

Huelle, Paweł. Quem foi David Weiser? [Por: Tomasz Barciński]. Rio de Janeiro: Record, 2012. (Weiser Dawidek). Romance.

Dołęga-Mostowicz, Tadeusz. A extraordinária carreira de Nicodemo Dyzma. [Por: Tomasz Barciński]. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2013. (Kariera N. Dyzmy). Romance.

Tokarczuk, Olga. Os vagantes. [Por: Tomasz Barciński]. Rio de Janeiro: Tinta Negra, 2014. (Bieguni). Romance.

Sapkowski, Andrzej. O sangue dos elfos. [Por: Tomasz Barciński]. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2013. (Krew Elfów). Romance.

Sapkowski, Andrzej. Tempo do desprezo. [Por: Tomasz Barciński]. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2014. (Czas Pogardy). Romance.

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